15 de março de 2010

Marcas ao Mar

Eu esvazio outra garrafa, onde ponho a carta que lanço ao mar acreditando na força das ondas que banham nossos destinos, nela estão as últimas palavras...as últimas palavras que escrevi nas últimas horas, onde falo das coisas que estão em primeiro lugar.
Sinto o vento em meu rosto, o mesmo que fortalece estas ondas, mas ele já não pode fazer o mesmo por mim. Uma linha torta repousa no horizonte ou talvez esta garrafa tenha sido a gota d'água para mim, um horizonte distante e trêmulo que sinto tão perto se comparado a distâcia que você nos impôs.
O mesmo vento apaga minhas marcas da areia, mas há marcas em mim que ele não irá apagar. Haviam pegadas que me trouxeram até aqui, e agora eu devo "esquecer", isso é tudo que você tem pra me dizer.
A maré sobe enquanto eu permaneço caído.
Não há castelos que perdurem quando são feitos de areia e há uma tempestade vindo do alto mar.
Eu permaneço mergulhado nas suas palavras, eu realmente quero entender e não entendo nada. Nado pra morrer em uma praia onde me vejo refletido nas garrafas que sequei, num reflexo que me distorce e me mostra a forma como me sinto agora.
Eu vejo a carta na garrafa se desfazendo no mar e então percebo que a deixei aberta, como as feridas que banho com água salgada, todas aquelas palavras se enxarcando num mar revolto, cumprindo o triste destino de não te dizerem nada.

Anderson Borges


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