19 de fevereiro de 2010

Os Ventos E Seus Inventos

O anjo bateu asas sem mover o vento em volta

Movia algo maior e nos comovia ao bater de suas asas

Sem perder o rumo, sem provocar ruído, ele foi

Feito pássaro passeando sobre as casas



O silêncio pesado passava por mim

Seu volume maior que o da água dos mares, pesava, feito pezar

Eu me afogava enquanto as palavras davam lugar a um vazio que ecoava na alma

Essa nova linguagem dizia tudo com seu modo único de "não -falar"



Enfim o começo, sem novas promessas, o caminho aberto aos passos

Na soma dos dias, o tempo subtraído nem sempre tinha uma razão exata

Nem sempre havia uma razão na superficialidade dos fatos

Foi quando decidi abrir novos olhos sobre as pagínas do mesmo mundo



O anjo passou sem passos, só as asas a levar-lhe ao destino

Tinha nas alturas seu caminho e sua chegada

Por um instante o percebi, no outro já voltara a duvidar

O anjo não fora mais que os ventos da madrugada

E os ventos agora já não eram nada

Anderson Borges

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